Escrito por: TIVIT

Sim, Piratas!  Pra quem conhece a história da Apple um dos ícones do mundo digital e principalmente os modus operandi controverso que foi criado por Steve Jobs, por exatamente não acreditar que os caminhos tradicionais os levariam ao sucesso, fez que o mesmo tomasse algumas práticas e levantasse uma bandeira, na qual foi vista ao primeiro momento como a de desordem, libertinagem e fracasso. Mas a história provou que não era bem isso,  não era pela bagunça nem libertinagem, era pelo propósito!

 

Todos sabem o que realmente aconteceu na história da Apple, seu legado e referência. Dado esses fatos, pensemos se as práticas adotadas por Steve não deveriam ter virado em si um modelo para o mundo corporativo. Essa pergunta faço devido a tão discutida agenda da busca pela inovação, agilidade e mindset digital no desenvolvimento de produtos e serviços atuais.  Vamos as analogias, Steve criou um grupo multidisciplinar autônomo de alto nível, eu ouvi Squad? Modelo de desenvolvimento de produto baseado em testes, prototipação e buscando a entrega focada no cliente final, humm customer centric? MVP, fail fast? Esse grupo era guiado engajado em um proposito claro, intuitivo e real. Tá na moda falar me proposito né? Sim, eles revolucionaram o mercado na entrega de um produto que viraria ícone do início da era digital e colocar a apple na liderança deste mercado até os dias atuais, devidos a suas práticas e midset, oriundos deste grupo de PIRATAS, sim eles tinham até bandeira estiada!!! 

 

Então pergunto: Cadê os piratas? Ficaram realmente nas séries e filmes de Hollywood, e nos livros de biografia de Steve? Bom, espero que não. Pois os tempos atuais mostram que o provérbio inglês “Mar calmo não faz bom marinheiro”, acrescento ainda aqui “Piratas muito menos”, é mais atualizado do que nunca. 

 

Devido a disseminação do COVID-19, a crise chegou e a situação atual fez com que percebêssemos a necessidade de fazer mudanças aceleradas, para que, de certa forma, as engrenagens continuassem funcionando, sem disseminar a contaminação do vírus e preservando a saúde da sociedade. E, nesse aspecto, é onde entra a transformação digital. 

 

Sem cair em lugares comuns e muito menos utilizar aqui de buzzwords, chegamos a uma conclusão: Temos que reescrever as regras! Espero que você já tenha entendido que a tão famosa agenda da transformação digital não é sobre tecnologia, sobre frameworks, e muito menos uma falácia comercial, mas sim um fenômeno cultural. 

 

Estamos em franco processo de mudanças sociais e culturais e elas geralmente vêm nas sombras e nos limites do que é considerado aceitável ou normal. Esses protagonistas são os produtos de seu ambiente.

 

E, para responder as essas mudanças, parece que não, mas é preciso frisar que temos que mudar também. Parece óbvio, mas o mundo corporativo insiste em não aceitar muito bem as mudanças. Por quê? Porque empresas nada mais são que uma comunidade de pessoas que acreditam que juntas formam aquela empresa. E, como por natureza, negar as mudanças está no mindset da maioria de nós.

 

Em seu trabalho de 1996, o economista Cass Sunstein identificou pessoas que desejam desafiar e mudar valores sociais como “empreendedores modelo” (norm entrepreneurs, Lembra do grupo do Steve?). Ele argumenta que o status quo existente pode frequentemente ser mais frágil do que normalmente se supõe, pois depende de normas sociais às quais muitos podem não estar fortemente aliados. Piratas?  Desse modo, Sunstein identifica uma categoria de pessoas que ele chama de “empreendedores modelo” (norm entrepreneurs), que estão interessados em mudar as normas sociais. Se forem bem-sucedidos em seus empreendimentos, poderão produzir o que ele chama de norm bandwagons e cascatas de normas que levam a mudanças substanciais nas normas sociais. 

Lembra quando falei que transformação digital é um fenômeno cultural? Mas o que é cultura?

Podemos definir que a cultura de nossas organizações nada mais é do que todas as decisões e ações cotidianas invisíveis ou não que tomamos ao longo do tempo. 

E agora você me pergunta, e os piratas nesse contexto? 

Vou recorrer ao trabalho de Sam Conniff. Em seu livro ‘Be More Pirate’, ele argumenta que, na era de ouro dos piratas, durante o século 18, os criadores de aventuras marítimas eram, na realidade, a primeira organização verdadeiramente ágil do mundo. Não apenas isso, mas também eram “empreendedores modelo” (norm entrepreneurs), que buscavam transformar a sociedade e, assim, serem mais inclusivos e igualitários. 

 

“os piratas inovam nas margens… têm foco duplo: sorte e justiça. Contam suas histórias em escala através de subversivas táticas. Sabem que as micro necessidades levam a soluções macro…”. Imagino que vai voltar a assistir Jack Sparow com outros olhos agora. 

 

O cenário atual demanda novos mindsets e não novos profissionais, pois conforme já dito, uma organização é um conjunto de pessoas, e, convenhamos, uma organização não vai trocar 100% de seus profissionais para mudar sua cultura.

 

A busca pelo santo graal da inovação: “ser ágil e inovador passa necessariamente por desenvolver piratas em sua comunidade interna”.

 

Algumas ou várias perguntas devem estar vindo à mente agora. Eu sou um pirata? Como identificar um pirata? Como cultivar e criar um ambiente para esses piratas? Vou tentar responder aqui.

 

Ser pirata, primeiro de tudo, é ter uma mentalidade com os seguintes princípios:

 

Rebele-se – Se fortaleça enfrentando o status quo.

Reescreva – dobre, quebre, mas o mais importante, reescreva as regras.

Reorganize – colabore para obter escala em vez de crescimento.

Redistribua – lute pela justiça, compartilhe poder e seja inimigo da exploração.

Reconte – arme sua história e conte tudo.

A  reflexão final é que, se há uma coisa que une os piratas e o “empreendedor modelo” (norm entrepreneurs) é saber a importância de dar o primeiro passo. Mudança não é um plano ou um desejo. Mudança é ação. O que importa realmente é começar a jornada.

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